domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sim, eu mudei. Mas alguma coisa ainda continua a mesma aqui dentro.
Hoje saboreio o gosto da liberdade, o sabor do vento e de suas sutilezas.
Enxergo os pesos e os preços que se paga. Estou forte e tenho medo.
Preciso sempre do caos, de mexer-se por dentro e reencontrar-se constantemente.
Sofro de perdas, e elas são inevitáveis.
Levo comigo as minhas certezas e os meus dias felizes.
Tenho comigo o verão e o inverno, e estes climas contrários me causa inquietude e incompreensão.
Sou como o tempo, que se esvai e retorna em questão de segundos sem ao menos ser perceptível.
Tenho as minúcias das entrelinhas da vida aqui, como tatuagem.


Nasci da Aurora e hoje sou noite.
Vejo vida e resolvo minhas questões como pequenas penitências.
Sim, eu mudei. Mas alguma coisa continua ainda a mesma.
Sempre fui vizinho de oficinas. E minha casa sempre esteve em frente a avenidas movimentadas. Sempre fui só.
O silêncio me consome. Gosto dos barulhos e das vozes. E gosto de esconder-me dentro de lugares que parecem inabitáveis. É lá que me re-faço, me re-vejo.


Descobri como segurar o tempo e partes do espaço.
Hoje vivo de mortificar onde enxergo beleza. Entrego aquilo como algo belo aos seres.
Sou movido pelo amor.
E neste caminho existe a paixão, dona do prazer constante.
Sim, eu mudei. Mas alguma coisa ainda continua.
Sou ser sem nome.
Brinco de vestir personagens e fazer da vida uma grande comédia na qual somente eu assisto como espectador.


Sim, eu continuo o mesmo.