domingo, 31 de maio de 2009

sobrevivi.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

As despedidas

Numa segunda-feira, em plena rua movimentada, um homem de camisa vermelha que estava indo para o trabalho, na sua rotina diária, sentiu o seu pensamento tão alto e perturbador, que naquele minuto ele descobriu uma solução para os sofrimentos da existência humana. Ele enxergou e degustou num repentino piscar de olhos, um mundo em que não existisse despedidas. Um mundo no qual na houvesse adeus e tchau’s. Um mundo sem o término daquelas músicas de fim de filme, em que a paz e a tranqüilidade alojam momentaneamente no interior do ser. Um espaço sem que existisse a saudade e que a felicidade não fosse só um momento, mas uma sucessão de acontecimentos. Ele transfigurou-se diretamente para esse novo mundo, totalmente virgem e abstrato. Nesta sua viagem, ele, de camisa vermelha, estava num ambiente totalmente preto e branco. O contraste em que a cor vermelha fazia, ao ser exposta as cores pretas e brancas, fez nitidamente, com que as reticências não mais fossem presentes. O doce sabor da descoberta mostrou o porquê daquelas metáforas. Naquele mundo, por ele idealizado, não haveria vida, somente um ensaio de algo que nunca seria estrelado. Ele percebeu que a existência é feita deste eterno jogo, em que não há ganhadores e nem perdedores.

E nesse enlace, ele foi desperto, por uma pessoa em busca de informação, que estava a passar pela rua. Em sua pele, ele sentiu um vento com o sabor da existência, e continuou o seu trajeto como se num leve descuido pudesse voar. Partida e separação, palavras que definem despedidas, fizeram-se agora moradoras daquele homem de camisa, multicor.

domingo, 24 de maio de 2009

muitas das vezes eu tenho a ligeira impressão que estou doente, de poesia.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A casa de estudante, isso realmente merece vários textos. O telhado está um caos – quase como a minha vida – e a laje já não suporta a quantidade de água. Todos os cômodos da casa andam cheios de goteiras e água jorrando pelas lâmpadas. Os ônibus da cidade andam numa quase-greve, a polícia civil já entrou, e o detran numa assembléia feita hoje, ameaçou pararem as atividades.
Eu: ando lendo! Encontrando-me em livros que fogem de coisas que realmente tenho que ler para a faculdade, faltando um pouco a aula e o trabalho, e fotografando mais.
Enquanto o mundo me pede organização e disciplina, eu tento - dentro das minhas estruturas, ou faltas delas - seguir, constantemente, meus sonhos.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Numa quarta-feira, a minha vida mudou. Meu relógio não despertou, os meus sonhos permaneceram, e do chão do meu quarto, vi as nuvens pela janela. Almocei café da manhã, e andei na minha casa vazia, num sabor liberdade - que até então - tinha tornado-se raro.

Ultimamente tenho me sentido a encarnação de Atlas, um gigante condenado por Zeus, a carregar o mundo nas costas. Por isso, é tão saboroso reescrever o meu dia, quando involuntariamente, ele já vem pré-criado e embalado. É como comer doce antes do almoço, enquanto pessoas estabelecem a ordem contrária. É como andar na chuva, enquanto pessoas se escondem debaixo de lugares cobertos. É doce, a sensação!

A minha vida mudou, e os meus olhos já não são os mesmos. Sou vário! Nesta transição, a linha existente é mínima, e capaz de fazer-me transcender.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Naquele dia eu fiquei deslumbrado com a liberdade dos pássaros. Ah, eles iam e viam de uma forma tão leve, tão suave, tão diferente do ser humano preso no chão, preso as suas convicções e idealizações de coisas futuras, tão paradoxais. A natureza daquele lugar era tão mágica que não parecia que eu estava num lugar de fato, ou que eu existia, parecia que eu era um personagem, num daqueles livros imagéticos de mundos grandiosamente magníficos. Naquele instante, eu com a minha nikon fm10, a querer fotografar aquela imensa árvore seca, com galhos imensos, tão contrastantes com aquele universo de árvores cheias de folhas verdes. Em meio aquela inundação de sentidos, percebi um pássaro lindíssimo, quieto, num galho da mesma árvore seca. Eu, de baixo, apontando a minha nikon fm10, a calcular cada movimento, a perceber a velocidade e o diafragma, focando bem aquele ser na sua quietude, foi naquele instante, no momento em que puxei uma haste da câmera para fotografá-lo, que senti como se estivesse com uma arma, senti como se estivesse puxando o gatilho, preparando a bala, aproveitando a quietude daquele ser. Quem era eu para matá-lo, para aprisioná-lo naquele espaço-tempo? Eu não podia ter aquele poder de decisão...
Percebi o poder da fotografia, o poder de prender os seres - estáticos - em uma imagem. Aquele pássaro irá continuar na sua liberdade de ir e vir, eu continuarei aqui - com sua imagem presa - num filme. Levar aquele pássaro comigo numa fotografia é como trazer um pouco daquela representação de liberdade, presa na minha memória concreta. O conceito liberdade e prisão pairam, com isso, numa relatividade, que ao mesmo tempo consigo enxergar-me pássaro, dentro da minha vida-fotografia.

domingo, 10 de maio de 2009

Juliena é uma menina de sentimentos, até aí, natural. Mas não são sentimentos normais, tipo o que encontramos a qualquer esquina, são aqueles sentimentos de livros, de poesias, e até aqueles de filmes, que passam uma sutileza transbordada de vivacidade e realismo. Juliena trabalha numa loja de livros, e por vezes, sonha em ser um deles. Senti avidamente a mão de pessoas tocando-a, folheando cada página, e desta forma, sendo sempre presente como algo significativo e emocionante, algo aguardado durante todo dia, para aquele momento íntimo, de leitura. Ela define a vida como bicicletas, coisa que ela nunca conseguiu andar. E por isso, acredita que estará livre do ditado que diz: ‘... é como andar de bicicleta pela primeira vez, nunca se esquece.’ Ela gosta de sensações diárias, como sorrir, desfrutar cada pedaço do vento, fazer brigadeiro nos dias de domingo, e comer assim mesmo, na panela, depois de um certo tempo na geladeira, em frente a TV, assistindo aqueles filmes que ela alugou na quarta, dia de promoção, e terá que devolvê-lo até a meia noite de domingo. Juliena é um ser simples, e não entende o motivo dos seus colegas de trabalho a chamarem de anômala. É verdade que ela usa sempre uma meia amarela, com as suas sandálias de couro, mas isso não é motivo. As suas meias amarelas foram presente de sua avó, e usá-las é como trazer à tona um passado suave e feliz que ela viveu quando criança, no período de ausência de seus pais. Juliena nunca termina de ler os livros que ela traz da livraria, aqueles que são permitidos o empréstimo aos funcionários. Ela tem medo de terminar aqueles mundos, e com isso sofre de uma doença até então rara: ser personagem de histórias paralelas.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

a vida seguelenta,

na estradado infinito.

e aspessoas,

agitadas.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Aurora, somente.

terça-feira, 5 de maio de 2009

tudo.
TUDO em que há...
a cada sentido do existir,
ex-tra-por!
os sentidos sentem essa necessidade.
tudo ao doce sabor das nuvens.






Tudo.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

não...
não mesmo,
a cidade anda gritando: não mesmo!
a vida segue lenta,
no ritmo natural.
e o sonho? não mesmo!
ali, na parede pintada de cal,
está a esperança multicolorida,
a espera do ser-vida,
a espera,
a espera,
a
espera
espera há?