terça-feira, 11 de maio de 2010

Os dias andam cada dia mais sem planejamento, afirmava renata no telefone.
Júlia, do outro lado da linha, dizia: percebi que existe vida justamente nestas horas do não fingimento. 
(despedem-se uma da outra dizendo: beijo no ombro. Frase que as divertem e sela entre elas um pacto quase adolescente, mesmo elas estando já no auge dos seus 26 anos).

Passaram anos e mais anos e elas, tão amigas e cúmplices, não se vêem mais. No maior das boas intenções e das saudades conversam no msn, deixando de lado as horas e mais horas que passavam ao telefone. 

A vida esconde por entrelinhas o somente das coisas e das pessoas. 
Salvador, 11 de maio de 2010

O silêncio da noite é fascinante. Escutava-se lá, ao fundo, o latido de um cachorro. Por vezes, passava um carro na avenida e o som do pneu no asfalto, o som da velocidade invadia a casa.
Tudo é tão tênue e singelo.
Tudo parece estar num ponto de ebulição, na beira de um caos.

À noite, os axiomas do mundo saem e se fazem presentes.
Beirar-se na vida é como andar por ruas noturnas e desertas ou simplesmente escutar o som da respiração da pessoa que dorme ao seu lado. É nestas nuances que a fugacidade da vida toma formas de sonhos e consome os seres, que mesmo dormindo, vivem.

Viver é por demais silencioso.
É no silêncio, é no silêncio...