segunda-feira, 28 de março de 2011

O problema não está nas coisas que escolhi fazer, mas nas infinidades de compromissos que essas coisas acarretam. 

Tudo é ainda mais pesado para um ser humano sozinho, sonhador, inebriado de idéias e com apenas 24 horas por dia.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Tentei esquecer-me por estes dias. Somente viver. Seguir os horários e as coisas determinadas para o meu dia. Mas não consegui.
Existe outro ser dentro de mim. Construir outro humano, ou pelo menos o despertei pra vida neste momento que o meu cotidiano anda a embrulhar tudo.
Não há um só momento para respirar: as roupas estão sujas dentro do cesto, a casa anda um caos, como um reflexo da cor cinza que  tanto necessito.

Perdi o formato de ser gente, ficou somente o humano. 
Ficou a evasão, a subjetividade, a poesia, os desejos de querer mais. 
E tudo isso dói. 
É uma dor sem lágrimas, 
uma dor sem palavras para toda essa gente que anda a me acompanhar.

Ser gente normal é coisa de quem tem relógio internamente. 
Eu prefiro os de-sabores e as coisas que se esvaem pelos cantos.

quinta-feira, 10 de março de 2011


Depois que os dias se foram
e ficou somente as lembranças
que se tornaram sonhos soltos pela rua,
 justamente nesse momento,
que a dor de existir é tão nitidamente pesada,
como quando o açúcar se demonstra tão doce ao ponto de ser fel ou quando o café cai no fogão que acabou de ser limpo.

Foi num desses momentos que eu morri preso.

Morri preso por entre os emaranhados de sonhos já concretizados que estavam a me olhar,
inertes e observadores,
demonstrando o quanto compartilhamos de uma relação de interdependência.

Foi nesse dia que eu desejei ser um ser humano normal, e não um sonhador.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Até no dia que as palavras
se vão
é necessário escrever.

terça-feira, 1 de março de 2011

Como eu consigo matar a arte?

Eu descobri com o tempo que eu poderia desenvolver esse meu desejo de fazer arte de outra forma, diferentemente da forma que eu fui forçado a esquecer, aquela do período da minha infância, quando eu utilizava lápis, pincel, tintas e tela e minha mãe profetizava: “menino, pintor só ganha dinheiro e é reconhecido quando morri”.
Foi assim, que com o tempo eu fui perdendo as esperanças e descobrindo que a leveza é uma ilusão criada através da construção do discurso. Dessa forma, larguei a pintura.
No meio do meu sonho conquistado encontrei-me com o mundo das imagens, dos retratos intimistas, dessa fotografia que guarda os meus momentos e os relatam, transformando-os de privados a públicos.  
As imagens, meu sentimento sobre o mundo e como eu reagia ao cotidiano se tornaram o meu alimento. É justamente disso que surgi essas indagações: como eu vou conseguir viver novamente com essas noites mal dormidas, essa angústia dentro do peito, essa sensação de inércia constante, esse desejo de tentar encontrar a melhor solução para colocar tudo pra fora de forma compreensível e conceitual? como?

Meu desejo é matar a arte para conseguir viver nesse mundo  inerte e cotidianamente burocrático. 
Ser artista não é coisa mais da minha época.