terça-feira, 1 de março de 2011

Como eu consigo matar a arte?

Eu descobri com o tempo que eu poderia desenvolver esse meu desejo de fazer arte de outra forma, diferentemente da forma que eu fui forçado a esquecer, aquela do período da minha infância, quando eu utilizava lápis, pincel, tintas e tela e minha mãe profetizava: “menino, pintor só ganha dinheiro e é reconhecido quando morri”.
Foi assim, que com o tempo eu fui perdendo as esperanças e descobrindo que a leveza é uma ilusão criada através da construção do discurso. Dessa forma, larguei a pintura.
No meio do meu sonho conquistado encontrei-me com o mundo das imagens, dos retratos intimistas, dessa fotografia que guarda os meus momentos e os relatam, transformando-os de privados a públicos.  
As imagens, meu sentimento sobre o mundo e como eu reagia ao cotidiano se tornaram o meu alimento. É justamente disso que surgi essas indagações: como eu vou conseguir viver novamente com essas noites mal dormidas, essa angústia dentro do peito, essa sensação de inércia constante, esse desejo de tentar encontrar a melhor solução para colocar tudo pra fora de forma compreensível e conceitual? como?

Meu desejo é matar a arte para conseguir viver nesse mundo  inerte e cotidianamente burocrático. 
Ser artista não é coisa mais da minha época.

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