“... e eu digo adeus a todos os que são de adeus.”
Encontrei esta frase na parede do corredor da casa que eu acabei de comprar. O ex-morador tinha manias estranhas, diziam os vizinhos. Uma delas era escrever nas paredes quando os pensamentos e poesias não conseguiam ficar no papel. Fora isso, encontrei um buraco tão profundo na parede de um dos quartos que dava para ver os tijolos. Ao redor do buraco havia a seguinte frase: “arte contemporânea”; e uma seta indicando para o centro daquela circunferência. Tudo soava marcas e registros daquele ser que por ali morou.
Nas janelas havia fotos de janelas de outros lugares. Nas portas, fotos de cenas de filmes, artistas conceituados e fotos de fotógrafos famosos tirados de catálogos de exposições. E além de tudo, o ex-morador era um colecionador de cartões postais. Existia um teto todo cheio deles.
Encontrei esta frase na parede do corredor da casa que eu acabei de comprar. O ex-morador tinha manias estranhas, diziam os vizinhos. Uma delas era escrever nas paredes quando os pensamentos e poesias não conseguiam ficar no papel. Fora isso, encontrei um buraco tão profundo na parede de um dos quartos que dava para ver os tijolos. Ao redor do buraco havia a seguinte frase: “arte contemporânea”; e uma seta indicando para o centro daquela circunferência. Tudo soava marcas e registros daquele ser que por ali morou.
Nas janelas havia fotos de janelas de outros lugares. Nas portas, fotos de cenas de filmes, artistas conceituados e fotos de fotógrafos famosos tirados de catálogos de exposições. E além de tudo, o ex-morador era um colecionador de cartões postais. Existia um teto todo cheio deles.
Quando entrei no banheiro – que digamos de passagem, é um dos banheiros maiores que já vi – no espelho retangular que tinha na parede existia um adesivo escrito: “Lembre-se de cuidar de você”.
Tudo por ali cheirava lembranças e mais lembranças. Aquilo era como um grande álbum de fotografias. Naquele espaço, a imortalidade existia.
E por incrível que pareça, tive saudade daquele ser que até então não conhecia. Quis que ele fizesse parte fisicamente da casa e diretamente da minha vida (porque indiretamente ele já fazia).
De tudo que se foi e de tudo que ficou só restou à saudade daquele ex-morador que um dia deixou escrito uma poesia de Mário Quintana intitulada “Sobre levar a infância a sério”.