domingo, 19 de setembro de 2010

Sonhar com pássaros. Ter lembranças como tapete de uma realidade. Perceber-se num mundo onde ruas são ladeiras, e, no final delas, abismos. Sim, ando sonhando com abismos. Assim mesmo, com todos os gerúndios possíveis.
Acordei às 6h de domingo de um sono maravilhoso e de duas semanas intensas de trabalho e mudanças. Constatei que tudo era novo.
Ontem a tarde passei a máquina em metade do meu cabelo e minha imagem no espelho já não era a mesma, minhas companhias caseiras agora eram outras e existiam outros livros – que não os meus - espalhados pela sala com a promessa de serem lidos.
Gozo da percepção única e simples da evolução. Da condição de sonhador a fruto do sonho. De não ser mais aquela pessoa que mora na principal avenida da cidade, aquela que liga a sua cidade a outras. E ficar ali, inerte, olhando as pessoas que se vão dentro dos ônibus que passam e deixam pra trás a possibilidade de uma ida.
Hoje habito aquelas pequenas janelas de rostos transitórios. Fotografia em movimento. Carrego, atualmente, a inversão de papéis. Da mãe sendo filho e do filho sendo responsável pelas contas a pagar.

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