E no estralar de dedos, a respiração se foi repentinamente. Os pombos famintos, em contraste com a situação, devoravam os grãos doados. As pessoas, ligeiras e pouco sensíveis, continuavam na sua correria rotineira. E a praça seguia inerte, demonstrando a insuficiência perante a realista lei da vida.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
E no estralar de dedos, a respiração se foi repentinamente. Os pombos famintos, em contraste com a situação, devoravam os grãos doados. As pessoas, ligeiras e pouco sensíveis, continuavam na sua correria rotineira. E a praça seguia inerte, demonstrando a insuficiência perante a realista lei da vida.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
O homem sem guarda-chuva.
Numa certa manhã, daquelas que o céu chora lágrimas torrenciais, e que sua cor azul se transforma num branco cinzento, o homem sem guarda-chuva saboreia a doce sensação da chuva em seu corpo. Uma sensação única, uma fuga dos parâmetros, uma liberdade inundada de sentidos.
Pessoas o olhavam, não entendendo o que aquele ser sentia. Em seus pensamentos eles pré-julgavam. Debaixo dos seus guarda-chuvas eles se achavam protegidos e imaginavam ser normais na sua rotina. Eles eram fiéis as suas leis e normas, e acreditavam serem livres.
Mas o homem sem guarda-chuva estava encantado com cada gota d’água que se misturava ao seu corpo. Ele provava o gosto da simplicidade. Ele transgredia. Ele apenas almejou fazer-se vivo, dentre a tantos mortos.
domingo, 26 de abril de 2009
ela mesmo.
Ela veio dessa forma:
devaneia,
sem gentilezas,
nua,
com a pureza de alma.
Ela é transgressora,
fiel com as idéias.
É tão cômico percebe-me assim:
pasmo!
Hoje em dia ela é meu presente,
me enche,
PREENCHE
e trans-bor-da
e me mantém no nível certo para fazer com que eu seja
eQuIlibRaDo,
e na minha forma de ver:
anômalo aos seres fiéis as normas implantadas.
Hoje a poesia me chama pelo nome: dois pontos ( . . )
quarta-feira, 15 de abril de 2009
segunda-feira, 13 de abril de 2009
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Nessa trajetória cotidiana do ônibus, o mundo corre na minha referente visão retilínea,
e os meus olhos são como lentes de uma máquina fotográfica,
retratando os meninos no trânsito, malabarizando entre as justiceiras faixas de pedestre.
Os mendigos a perambular sobre a selva de pedras, As casas sem reboco e os exuberantes prédios transfigurando os altos parâmetros modernos de uma não-modernidade.
Deixando como foco o paradoxo contraste da construção secular.
O tempo indica que o fuso horário desregula o regulável percurso,
E o tic tac se transforma numa sirene ensurdecedora, revelando os momentos históricos
de uma sociedade racional, que escraviza seus seres na sua nova forma de liberar.
A planta rasga o concreto gritando vida, e dela sai palavras sobre a norma culta de uma língua aquecida e esquecida, educando (aprisionando) a incontrolável vontade de pensar.
E Drummond em uma estrofe da sua poesia O escritor já dizia:
"Livre e ligado a seu próximo
Na larga avenida humana
Em que beleza e justiça
Fazem de espera, esperança."
O espetáculo hoje é sofrimento,
perdemos a noção dos fatos, e o que era novo, agora é cotidiano banalizado.
Mestiços sem aceitar sua mestiçagem, democracia sem democratizar.
Direita esquerdizando, e esquerda direitizando.
A festa acontece, e onde está a alegria?
Vejo-me no espelho e acho graça.
Como não pude perceber que meu nariz está vermelho e minha cara pintada?
O meu trabalho é a segunda-feira a bater o cartão e ser dependente do seu limite.
A revolução saiu pela culatra, o meu grito não é mais de independência.
Construíram a minha prisão e a constituição não mais constitui.
E da minha boca a canção se faz presente, "vendo aquelas pedras que choram sozinhas, no mesmo lugar".
E nessa viagem um vendedor ambulante adentra, oferecendo seu mercado informal para alguns consumidores invisíveis gerados de um determinismo insensível.
Onde está a razão?
Os pássaros não mais cantam e a borboleta não mais encanta,
As pipas estão presas no fio, e os ninhos guerreiam espaços entre as árvores do século XXI.
O certo e o errado definem-se nas leis de Sócrates.
A seca atual é interna,
A utopia pia,
E percebo que meu ponto chegou,
Espremo-me entre os cidadãos para conseguir sair,
E me despeço com um leve sorriso,
Enxergando-me sujeito daquele predicado.