segunda-feira, 6 de abril de 2009

Nessa trajetória cotidiana do ônibus, o mundo corre na minha referente visão retilínea,

e os meus olhos são como lentes de uma máquina fotográfica,

retratando os meninos no trânsito, malabarizando entre as justiceiras faixas de pedestre.

Os mendigos a perambular sobre a selva de pedras, As casas sem reboco e os exuberantes prédios transfigurando os altos parâmetros modernos de uma não-modernidade.

Deixando como foco o paradoxo contraste da construção secular.

O tempo indica que o fuso horário desregula o regulável percurso,

E o tic tac se transforma numa sirene ensurdecedora, revelando os momentos históricos

de uma sociedade racional, que escraviza seus seres na sua nova forma de liberar.

A planta rasga o concreto gritando vida, e dela sai palavras sobre a norma culta de uma língua aquecida e esquecida, educando (aprisionando) a incontrolável vontade de pensar.

E Drummond em uma estrofe da sua poesia O escritor já dizia:

"Livre e ligado a seu próximo

Na larga avenida humana

Em que beleza e justiça

Fazem de espera, esperança."

O espetáculo hoje é sofrimento,

perdemos a noção dos fatos, e o que era novo, agora é cotidiano banalizado.

Mestiços sem aceitar sua mestiçagem, democracia sem democratizar.

Direita esquerdizando, e esquerda direitizando.

A festa acontece, e onde está a alegria?

Vejo-me no espelho e acho graça.

Como não pude perceber que meu nariz está vermelho e minha cara pintada?

O meu trabalho é a segunda-feira a bater o cartão e ser dependente do seu limite.

A revolução saiu pela culatra, o meu grito não é mais de independência.

Construíram a minha prisão e a constituição não mais constitui.

E da minha boca a canção se faz presente, "vendo aquelas pedras que choram sozinhas, no mesmo lugar".

E nessa viagem um vendedor ambulante adentra, oferecendo seu mercado informal para alguns consumidores invisíveis gerados de um determinismo insensível.

Onde está a razão?

Os pássaros não mais cantam e a borboleta não mais encanta,

As pipas estão presas no fio, e os ninhos guerreiam espaços entre as árvores do século XXI.

O certo e o errado definem-se nas leis de Sócrates.

A seca atual é interna,

A utopia pia,

E percebo que meu ponto chegou,

Espremo-me entre os cidadãos para conseguir sair,

E me despeço com um leve sorriso,

Enxergando-me sujeito daquele predicado.


4 comentários:

  1. cotidiano. desde sempre, qdo o homem começou a dominar a escrita, esse tema não se passa despercebido. aos poetas ele aparece de outra forma, as vezes mais belo as vez mais triste. é fotografado, poetizado e vivido. vivamos o nosso dia de hoje, de agora, com os olhos de uma criança descobrindo o mundo.

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  2. Eita!Essa Revolução interna me dá orgasmos. O homem pensando no Homem...

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  3. olá,conterraneo !
    belo blog!
    passo por aqui para lhe apresentar meu mais novo projeto de blog o "lirica's".
    são releituras de belas cançoes adapitadas ao meu universo.
    vale apena conferir!

    www.alissonliricas.blogspot.com

    (e se possivel comente,é o meu combustével)
    até mais !

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  4. Entre letras e vírgulas cada curva se curva para o sentimento, verdadeira dor. Da cor, da forma, da sutileza da luz, da imagem que se esvai. D'alma que passa viva por entre nós, o nó.

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